Olhos ardendo

Somos milhões
Passageiros
Caminho novamente
A estação
Entro no vagão
Esperando o sinal
Fecha a porta
Eu me vou
Parando em tuneis e pontes

Comprimidos e agulha

Coleta de sangue
Pesar e medir
Centímetro a centímetro espero
A minha vez
Sentado ou quase deitado
Os remédios chegaram.
Estavam em falta

Café da manhã

Sinto restos de comida em minha boca
Meus dentes pedem fio dental
Passeio a língua na boca, cantos
Uso o dedo contra os dentes
Estou sozinho diante do espelho

fio dental

O nariz entupido
Falta de ar
A musica dança nas janelas
O volume faz vibrar também as portas

Grupo de terapia

Você já foi internado?
Acredita em Deus?
As vozes são o Diabo
Eu acredito que é Deus
Alguma vez internado?

Esperando o próximo

Pegar o metro lotado
Não ter onde pousar o pé
Buscando o equilíbrio
A cada novo solavanco
O entra mais não sai de passageiros

pés no chão

Deitado
Levanto-me
Zonzeira
Equilibro-me
Passo ante passo.

quem bate suas fotos?

Yorgute
Bolacha
Bolo
Almoço e janta
Cuidado...dieta medica

Televisão e domingo

O noticiário ocupa a minha falta de atenção
As duvidas entre os pacientes é a reabilitação
No cardápio estão olhos de cabra ou bala perdida
Uma semana na cama e o desejo de paz e amor

Recomendo aposentadoria

Não sei o que é verdade
Procuro não assustar
O que penso ou escuto
Delírios ou surtos
Sou eu este mergulhado em laudos.

solteiro

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Eu estou bem, bom ou ótimo
Escondo a minha esquizofrenia